terça-feira, 21 de julho de 2015

AFINAL, O QUE É A FÍSICA QUÂNTICA?

AFINAL, O QUE É A FÍSICA QUÂNTICA?
 
Bom... uma coisa que volta e meia me perguntam é alguma variação sobre este tema... afinal, não só físicos como muitos não físicos (e não cientistas) volta e meia falam dela...

Antes de mais nada, um aviso: o texto pode não ser o que você está esperando ler, se  você curte essas coisas esotérico-quânticas...

Começando pelo começo: Exatamente o que é essa tal de física quântica? 
  A física quântica (ou "mecânica quântica", o nome correto) foi uma das duas grandes revoluções no pensamento científico no século XXI, junto com a relatividade. A origem dela, basicamente, está na ideia de que a energia não pode ser trocada em quantidades aleatórias, mas em "pacotinhos" de tamanho proporcional a uma freqüência de onda (tipo: não vendemos açúcar a granel, tem que comprar pacote fechado). Opa... mas quem falou em "onda"? Pois é... aí começam as muitas conseqüências (físicas e filosóficas) da mecânica quântica.

Começou na eterna discussão de se a luz era uma onda ou era composta por partículas - depois de mais de 200 anos de discussões (sem contar as que vinham desde a grécia antiga, no mínimo), a mecânica quântica propôs algo radicalmente diferente: vamos subir no muro! Então a luz é onda, mas é partícula... e a energia da partícula está ligada à freqüencia da onda. Estranho? Então vamos piorar... afinal, se a luz se comporta assim, porque o resto todo não? Chegaram à conclusão de que TUDO (luz, elétron, você...) é partícula e onda ao mesmo tempo, e qual comportamento você vê depende de como você olha. Como o comprimento de onda (o "tamanho" dela) diminui com a massa, coisas como eu, você, a Terra, um micróbio ou uma bola de sinuca somos enormes, superpesados, e temos um comprimento de onda minúsculo, então dá pra dizer que a gente sempre se comporta como partícula (ainda bem, jogar sinuca com bolas que passam por dentro das outras como ondas fazem ia ser bem chato!). Já para coisas bem pequenas, como elétrons, prótons, nêutrons e fótons (partículas de luz), os dois comportamentos se misturam o tempo todo.

OK... e onde isso leva? Começa que uma onda não tem lugar bem definido no espaço, mas está difusa por um trechinho dele... aí, entre contas e mais contas, um tal de Heisenberg concluiu que o simples ato de medir alguma coisa interfere naquilo que está sendo medido, então que quanto mais precisa sua medida da posição de uma partícula, por exemplo, menos noção da real velocidade dela você tem (e isso não é uma limitação experimental, é inerente à física da coisa)... daí que, por exemplo, aquela coisa de você descrever exatamente um sistema em um dado momento já não rola (ou você sabe exatamente a posição das coisas, mas não faz idéia de pra onde elas estão indo, ou você sabe exatamente pra onde elas vão e não faz idéia de onde estão... ou, normalmente, você tem uma noção da posição e do movimento, mas sem aqueeeeela certeza toda) - pra ser preciso, a coisa é pior que isso: não é que "você não faz ideia de algo", mas aquilo não está definido mesmo! Louco, né? E basicamente acaba com o tal do determinismo (afinal, deu pra sacar que em qualquer das três alternativas depois de um tempo você já não faz mais muita ideia de onde as coisas estão, né?).

 Outra conseqüência da teoria quântica é que o conceito de "fato" passa a depender de uma observação - ou seja, se uma bola pode estar na posição A ou na B, ela vai estar "espalhada" pelos dois pontos até que algo verifique onde ela está (e esse ago pode ser uma pessoa olhando, um mosquito que pouse nela, outra bola que cruze o pedaço... enfim, qualquer coisa)... você não entendeu errado, a bola está em dois lugares ao mesmo tempo, até que alguém tente descobrir onde ela está!

Agora, depois disso, dá pra gente tentar entender a segunda parte: Por quê esotéricos gostam tanto de física quântica?

Vamos começar deixando uma coisa bem clara: não, pessoas de outras áreas não "estudam e pesquisam" física quântica... eles usam esses conceitos básicos aí de cima e tentam aplicar em situações que nada têm a ver com a física quântica!

Mas... como assim?

Por exemplo... a física quântica tornou o observador uma parte essencial do sistema, né? Afinal, sem ele o sistema está num baita "mix" de estados, tudo ao mesmo tempo agora... Muita gente entendeu que por "observador" entendia-se um ser consciente, o que não é verdade - normalmente o "observador" é um fóton (partícula de luz) ou alguma outra partícula microscópica. De qualquer maneira, isso rendeu muito pano pra manga (desde os primórdios, tanto que Niels Bohr, pai dessa interpretação mais comum da mecânica quântica, tentou reescrever a descrição filosófica da coisa pra evitar essas "apropriações indevidas", como ele mesmo chamava). A ideia de que somos todos ondas também tem grande apelo, afinal todos sabemos que ondas sofrem interferência uma da outra e coisa e tal...

Outro conceito da física quântica que tem muita aplicação na filosofia (mas é bem pouco explorado, em tudo o que eu li) é o do fim do determinismo. Digamos que, de certo modo, a teoria quântica torna o conceito de "destino pré-determinado" algo inerentemente absurdo.

De qualquer modo, toda essa mudança de jeito de pensar as coisas que a mecânica quântica trouxe mexe muito com o imaginário... afinal, são conceitos que fogem ao nosso senso comum do dia-a-dia (afinal, as coisas com que estamos acostumados a interagir são infinitamente maiores do que os comprimentos de onda em questão) e que, como tudo o que está além da nossa compreensão usual, tem um grande apelo espiritual - como o fogo tinha pros antigos, por exemplo.

Ah... e sabe aquele filme "De onde viemos" (chamado pelos físicos de "what the bleep")? Então... não conheço um físico (nem no Brasil nem fora dele) que ache que aquilo valha dez centavos. Aquilo lá está pra mecânica quântica como astrologia está pra astronomia...

Pra terminar com um toque de humor, dois quadrinhos sobre o tema...




 Inté!!!!!!!!

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