Bom dia a todos!
Quase deixei passar essa, mas deixem-me corrigir o lapso!
Duas semanas atrás, o CERN (Centro Europeu de Pesquisas Nucleares - a sigla é em francês!) anunciou que, pela primeira vez na história,
mediram a emissão de raios-X de um átomo de antimatéria!
O que isso quer dizer? Vamos por partes...
A antimatéria, da qual tanto se ouve falar em filmes de ficção científica, é essencialmente um conjunto de partículas (as "antipartículas") que são idênticas em tudo às que compõem a matéria como conhecemos, só que com um "sinal trocado"... um elétron, por exemplo, tem uma certa massa e uma carga de -1e, enquanto sua antipartícula, o pósitron, tem a mesmíssima massa, mas uma carga de +1e (como curiosidade, 1e são 1,60217662×10
-19 Coulomb) - e TODAS as partículas conhecidas têm sua antipartícula! Além disso, quando uma partícula de antimatéria se encontra com sua irmã de matéria normal, as duas se destroem (em termos exatos, se aniquilam), liberando energia.
Bom, o tal modelo padrão (do qual já falamos por alto
aqui) diz que, tirando esse pequeno detalhe (as cargas invertidas), matéria e antimatéria devem ser rigorosamente idênticas. Ou seja, um átomo de hidrogênio "normal", formado por um elétron que orbita um próton, deve ter todas as características atômicas idênticas a um átomo de "antihidrogênio", que tem um pósitron orbitando um antipróton (a antipartícula do próton, que tem a massa igual à dele e carga -1e, ao invés da carga +1e do próton).
Aí é que entra o experimento do CERN: eles conseguiram criar uma quantidade de átomos de "antihidrogênio" (o que é bem difícil, já que se o pósitron encontrar um elétron
ou se o antipróton encontrar um próton, a coisa já era) e excitá-los usando um laser. Quando isso acontece, alguns elétrons (ou, nesse caso, antielétrons) são excitados até órbitas de maior energia e, ao retornar à condição anterior, o átomo emite raios-X cuja energia é igual ao "troco" da energia das órbitas...
O resultado? As emissões do antihidrogênio são idênticas às do átomo de hidrogênio "normal", exatamente como previsto pelo modelo padrão!
Mais uma vitória do Modelo Padrão... e menos uma chance da gente vivenciar a descoberta de algo totalmente novo (afinal, na ciência, as grandes descobertas vêm quando um experimento não dá o resultado que a teoria previa...)!